18 setembro 2016

Jeanne Paquin

Retrato da Costureira Madame Paquin
pelo pintor Henri Gervex
Jeanne Beckers, conhecida como Madame Paquin
(1869 - França - 1936)

Estilista Francesa.

É considerada a primeira mulher a dirigir uma maison de moda, atuando por trinta anos, na última década do século XIX e nas duas primeiras décadas do século XX.

Seu principal legado não está na inovação das roupas em si, tendo sido bem tradicional neste ponto,  mas na forma de gestão da empresa de moda.





A Designer Maggy Rouff disse sobre ela: "Eu posso ainda ouvir a voz cristalina de Madame Paquin dizendo que a moda precisava constantemente se renovar, sem fraqueza ou medo, sempre com audácia."

Apesar de ter nascido depois de Jeanne Lanvin, sua maison foi aberta vários anos antes, já com a linha completa, enquanto Lanvin começou com chapéus, iniciando a linha de roupas somente em 1909.





Tendo trabalhado como modista na Maison Rouff, abriu sua própria casa no ano de 1891, em Paris, 3 rue de la Paix.

Pelas fotos dá para ver que a loja foi aumentando, ganhando os espaços da perfumaria que ficava ao lado.



Transferiu sua sede para Londres, em 1896, transformando o endereço de Paris em sucursal.

Abriu filial em Nova Iorque em 1912 e também em Madri e em Buenos Aires.

1895:
 1901:
(Met Museum)
detalhe

Vestidos de 1902:

Parceria com Léon Bakts

Ela via a moda como parte da vida cultural,  da arte, tendo concedido várias entrevistas e, até, escrito artigos sobre o tema.


Assim, tanto fez roupas para a nobreza européia e para ricas americanas, como para atrizes, como Liane de Pougy e La Belle Otéro,  tendo trabalhado em parceria com Léon Bakts, o figurinista do balé de Diaghilev, além de George Barbier, Robert Mallet-Stevens e Louis Süe.

Vestidos em parceria com Léon Bakst




Jeanne costumava divulgar seu trabalho aparecendo, junto com suas manequins, na Ópera ou em corridas de cavalos, além de organizar desfiles de moda.




Em uma das ocasiões, teria mandado várias modelos a um evento, todas com a mesma roupa.

Um guia de Paris de 1906 elogiava a forma de funcionamento de sua empresa, que sempre estava de portas abertas para suas clientes.


A pintura a seguir, de Henri Gervex, mostra uma tarde nos salões da Maison Paquin. Bem no meio da tela está a estilista, usando um vestido "diretório" ou "império".
A imagem foi publicada como anúncio na revista "Les Modes" em 1907.


Empregados em 1906

Madame Paquin chegou a ter 2.700 empregados.

Contrariamente aos padrões da época, Jeanne e seu marido tinham uma postura mais avançada com relação a eles, tendo, inclusive, comprado uma "villa" que era usada para que relaxassem.


Gréve na frente da Maison Paquin




Na greve de 1917, eles manifestaram simpatia pelos grevistas, o que gerou muita controvérsia com as outras casas de moda.


Nesta tela, J. Béraud mostra a saída das costureiras da Maison Paquin. 

Na época (1912), foi sucesso a canção "La Biaiseuse", de Léo Lelièvre, que dizia:

"Dans les grandes maisons de couture
Y'en a qui sont trottins
Y'a des vendeuses et par nature
Y'en a qui sont mannequins
Y'en a qui font des corsages
D'autres qui font des surjets
   Moi Mesdames Messieurs mon ouvrage  
C'est de faire des robes en biais
Pour bien biaiser une robe ma fois
Y'en a pas deux, pas deux comme moi
Je suis biaiseuse chez Paquin"
Nas grandes casas de costura
Há as compradoras,
Há as vendedoras e, por natureza,
Há as que são manequins,
Há as que fazem os corpinhos
Outras que fazem os chuleios
           Eu, Madames e Cavalheiros, meu trabalho
é fazer os vestidos em viés
Para bem fazer isso, eu juro,
Não há duas, não há outra como eu.
Eu sou "viesadora" na casa Paquin"






    



1909
1912


Depois da morte do marido, que a deixou viúva com apenas 38 anos, dedicou-se ainda mais ao trabalho, participando de várias exibições no exterior, como a de Turin de 1911, com um pavilhão imitando um templo grego, na qual fez muito sucesso, tanto que teve que cobrar ingressos para controlar o número de visitantes.


Lutou em muitos processos para impedir a cópia de seus desenhos. ("La Mode Devant les Tribunaux")

E esse foi um dos motivos que fizeram com que organizasse tantas viagens ao exterior.  Em tournée pelos Estados Unidos, declarou à reportagem "La tournée du grand couturier" da revista Femina de 1º de junho de 1914: "(...) fabricantes estrangeiros (...) criaram o hábito de imitar muito habilmente os modelos que nós lançamos, de suprimir sua personalidade, sua marca de origem (...) e os lançar nas duas Américas"

Desfile em Chicago

Então, eis uma mulher na capa de
"Os Homens do Dia"


Em 1913 recebeu a cruz da Legião de Honra e foi presidente da "Chambre syndicale de la couture" entre 1917 e 1919.

Ao contrário de Poiret, Paquin achava que não devia determinar o que suas clientes iriam usar, mas que os designers deveriam refletir e responder às mudanças de estilo das mulheres na rua.

Segundo historiadores, ela somente introduzia uma inovação por questões práticas, como no caso das saias afuniladas de Poiret, nas quais Paquin colocou uma fenda escondida, para facilitar o movimento.




Como ele, também teve uma fase oriental (1912):




Apesar de buscar inspiração no passado, como vimos no reeditado o vestido império, também apostou em roupas para esportes, práticas e elegantes ao mesmo tempo.

1910









Ela produziu vestidos que uniam a roupa mais formal, do dia, com a mais suave da noite, misturando elementos de alfaiataria com drapeados, introduzindo, assim, o conceito do dia-para-a-noite nas roupas.

1912 - Comoedia Illustrée

1914

Madame Paquin produziu uma linha de vestidos adaptada ao Tango. Seu cunhado havia notado que os vestidos não eram adequados à nova dança. Ela, então, passou a fazer saias com fendas na frente.


No jornal "Matin" de 21/03/1914, declarou:
Essas (as mulheres) então, rompendo com o decoro, arregaçam as saias por falta de amplidão. Algumas jovens preferem corta-las até os joelhos como se, por um corte de tesoura na ultima hora, tivessem desejado se liberar um pouco do indesejável entrave...



Abaixo, uma foto do desfile de Paquin na Inglaterra em 26 de novembro de 1913:


Madame Paquin se aposentou em 1920, voltando a casar, 11 anos depois, com um diplomata Francês, vindo a morrer em 1936.

Em seu obituário, em 14/9/1936, o jornal Le Figaro a descreveu assim:
"Mme Joseph Noulens (...) não era outra senão Mme Paquin da qual a notoriedade não era devida somente à influência que ela exercia sobre a moda parisiense. Mme Paquin, aposentada há muitos anos da atividade comercial, gastou sem contar seus esforços de caridade durante a Guerra (primeira). Ela foi nomeada madrinha da 4e divisão à qual ela, por sua constante solicitude, amenizou as provas, ela também criou a ambulance 44 em Saint-Cloud cuja manutenção ela assegurava.  Após a paz, ela organisou, enfim, as exposições no exterior a fim de contribuir para a retomada de nossa atividade industrial."

Após sua saída, continuaram com a criação,  Madeleine Wallis, Ana de Pombo a partir de 1936, Antonio Canovas del Castillo a partir de 1942, Colette Massignac,  Lou Claverie e Alan Graham.

Desta época, pós-Jeanne, o vestido Chimère, de 1925: (Victoria and Albert Museum)

Em 1953, compram a sucursal francesa de Worth, mas as dificuldades financeiras levam ao fechamento de ambas em 1956.

Seu nome foi escolhido para figurar em placas comemorativas na calçada da Av. Montaigne, em Paris, junto com Poiret, Callot e Vionnet.


Veja também:

Revista Maracanan, vol. 12, n.14, p. 75-96, jan/jun 2016 - Maria Lucia Bueno Ramos - Universidade Federal de Juiz de Fora (http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/article/view/20861)
Boucher; Clothing and Fashion Encyclopedia
Davis; Ballets Russes Style: Diaghilev's Dancers and Paris Fashion
The Great Fashion Designers Por Brenda Polan,Roger Tredre
http://histoire.villennes.free.fr/Pages/Extension59.htm
http://www.fashionintime.org/history-couturejeanne-paquin-18691956/
http://angelasancartier.net/jeanne-paquin
http://www.andreavita.com.br/noticiasblog/jeanne-paquin
http://www.universalis.fr/encyclopedie/paquin/
http://www.estiloymoda.com/articulos/siglodisenadores-paquin.php
https://fromthebygone.wordpress.com/2014/02/05/jeanne-paquin-vintage-fashion-photos/



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