27 fevereiro 2011

Chic Chicago - parte 1

Entre 2008 e 2009, o museu de História de Chicago realizou uma exposição chamada "Chic Chicago: Couture Treasures from the Chicago History Museum" que estivera, em 2007, no FIT de Nova Yorque.

Eu não estive lá, em nenhuma das duas ocasiões, mas pela internet a gente consegue viajar muito e estas fotos conseguiram me dar uma boa idéia da exposição, que reuniu mais de 60 peças.
Aqui só temos algumas que espero que vocês gostem. As informações sobre elas vieram dos sites dos dois museus (em tradução livre e resumida minha).

1878 - Emile Pingat
Brocado de seda creme, renda, cetim dourado e amarelo.
Foi doado ao museu pelo Sr. Albert J. Beveridge III e fora usado pela senhora Augustus Newland Eddy que o comprou durante um tour de seis meses pela Europa que ela fez com seu pai em 1878.
No seu diário de viagem, ela se refere ao vestido como "de festa", tendo comprado também corseletes, sapatos e vestidos para amigas.



O vestido é do tipo conhecido como "polonesa" e consiste em um longo corpinho que cai dos lados sobre a linha dos quadris e continua em uma cauda, revelando uma saia em cetim dourado.  As mangas 3/4 são terminadas com três camadas de renda.


Quando a exposição voltou ao CHM, alguns objetos tiveram que ser substituídos por estarem muito frágeis para aguentar um segundo ano de exibição e foram trocados por peças mais estáveis, embora tenham sido incluídos no catálogo.
É o caso deste vestido:  (quando eu achava que já tinha juntado todas as fotos de vestidos de Worth, aparece mais uma...)

1900 - Charles Frederick Worth
Vestido para chá

Gaze de seda branca estampada, renda branca.
Foi usado pela Senhora Colin Powys, que em solteira se chamava Nancy Lathrop Carver Leiter  (irmã de Mary, do vestido bordado com motivo de penas de pavão - ver aqui)

"Todos sabem que um vestido de chá é um híbrido entre um robe e um vestido de baile" escreveu Emily Post. "Ele tem sempre uma cauda e geralmente longas mangas soltas, é feito de materiais de qualidade e é fácil de ser usado."
(na época talvez todos soubessem, mas ainda bem que a informação ficou, porque eu não tinha a menor idéia...)

1910 - Jeanne Paquin
Vestido de tarde - França
Foi usado e doado ao museu pela Sra. Henry A. Rumsey

Jeanne Paquin (1869 – 1936) abriu sua casa de costura em 1891 na Rue de la paix, próximo à Maison de Worth.
Presidente da Seção de Moda da Exposição Universal de Paris em 1900, Paquin se tornou o primeiro costureiro parisiense a abrir filiais em Londres, Buenos Aires e Madrid. (Worth era londrino)

Jeanne Paquin desenhava vestidos de uma discreta sofisticação, que atraíam mulheres de gosto refinado. Entre suas clientes estavam as raínhas da Bélgica, Portugal e Espanha.



1913 - Paul Poiret
Cetim preto e branco com bordado de pedrarias.
Foi usado pela jovem Anita Blair no baile de Gladys High.
Este foi o primeiro vestido desenhado para uma silhueta sem espartilho. 








 
1921 - Callot Soeurs
Vestido de noite

Este vestido é uma das mais bonitas criações da Maison das Irmãs Callot que estão na coleção permanente do museu.  É uma das muitas peças desta Maison que foram vestidas pela Senhora Potter Palmer II  (Pauline Kohlsaat, casada com o diretor do First National Bank of Chicago) e, depois, doadas ao Museu de História de Chicago.
Infelizmente, o belo tecido de brocado de lamê dourado, bordado de pequenas contas e com um grande broche ficou tão pesado que as alças muito leves e finas começaram a se desintegrar.
O tecido começou a esgarçar sob o próprio peso. 
Embora a equipe de conservação possa solucionar estes problemas, não havia tempo hábil para a abertura da exposição. 
Como outros itens, este teve que ser trocado. 

O personagem Marcel, alter-ego de Proust perguntou "Existe uma grande diferença entre um vestido Callot e um de outra loja?"
"Claro, uma enorme diferença." respondeu Albertine.
"O que você consegue por 300 francos em uma loja comum irá custar duas vezes mais aqui. Mas não há comparação; eles se parecem somente para as pessoas que não entendem nada disso."

(No final da história, fiquei sem saber se Proust achava realmente os vestidos diferentes ou se estava criticando a loucura da moda...)





1923 - Paul Poiret
Casaco, 1923
O Museu Chicago History tem uma das maiores coleções de peças feitas pelo costureiro francês Paul Poiret. Essa coleção é tão importante que museus de todo o mundo pedem itens  emprestados.
Apesar de este casaco nunca ter sido exibido, ele acabou sendo retirado da exposição por já haver outra peça de Poiret e, ainda, outra peça que fora usada pela antiga dona deste casaco, a Sra. Walter Paepcke.

(mas a foto ficou.)



1923 - Lucile
Casaco, França
Usado por Margaret Harwood e doado ao museu por  Mr. Richard Stevens

Lady Duff Gordon, cujo nome de solteira era Lucy Christiana Sutherland (1863 – 1935), nasceu em Londres, foi criada no Canadá e conheceu sucesso internacional como desenhista de moda sob o nome “Lucile.” Em 1894, abriu sua primeira loja e logo estabeleceu filiais em New York, Paris, Chicago e Londres. Em  1900, casou com Sir Cosmo Duff Gordon e, em 1912, ambos sobreviveram ao naufrágio do Titanic.

Lucile, Ltd. foi conhecida pelo uso de motivos e silhuetas exóticas. Este casaco veio da filial em Paris e reflete o gosto pela chinoiserie (objetos orientais) encontrado na moda em torno de 1923.


1925 - Coco Chanel
Vestido de noite.
Chiffon de seda com franja de fios de seda.

Gabrielle “Coco” Chanel (1883 – 1971) é a mais famosa e influente designer do século XX . Ela ajudou a lançar o estilo básico dos anos 20, garçonne,  com saias curtas e silhuetas retas, uma visão de estilo que mostrava liberdade e modernidade.
Chanel também foi uma das primeiras a mudar de direção nos anos 30, descendo as bainhas e enfatizando uma forma mais próxima cao corpo. Em 1954, Chanel fez um bem sucedido retorno, dirigindo sua casa de enorme sucesso até sua morte em 1971.
A Maison Chanel continua hoje, sob a direção de Karl Lagerfeld.

Esta roupa é um dos melhores exemplos de vestido no estilo flapper da coleção do museu.

A silhueta plana, com franjas e bordados brilhantes era comum na época.

(o termo flapper era o equivalente inglês ao francês garçonne, mais conhecido aqui no Brasil por melindrosa, e identificava o estilo das mulheres dos anos 20, com saias mais curtas, cabelos também curtos e muito ativas)





1926 - Gabrielle “Coco” Chanel
Vestido de noite, França.
Usado em 1926 pela doadora, Florence Lowden, posteriormente Florence Miller, que era a neta de George Pullman, inventor do vagão de trem conhecido por seu nome: Pullman.
Ela doou ao museu mais de 150 vestidos, entre eles peças de Chanel, Callot Soeurs, Jeanne Paquin e Madeleine Vionnet.




1927 - Jeanne Lanvin
Conhecido como “Robe de Style”, este vestido foi feito de seda moiré "casca de ovo" adamascada, contas de cristal e pérolas.
Foi usado pela senhora Charles S. Dewey (Marie Suzette de Marigny Hall) quando se apresentou à Corte de Saint James em 1927 .

Jeanne Lanvin (1867 – 1946) começou sua carreira como modista antes de se mudar para o mundo da criação de vestidos finos.
Ela criou perfumes e roupas para crianças, mas foi mais conhecida por seus robes de style, uma adaptação do estilo do século 18 das "anquinhas". “As roupas modernas precisam de um certo sentimento romântico,” ela disse. "Elas não devem se tornar muito comuns ou práticas.”



1928 - Callot Soeurs
Vestido de noite.
Seda charmeuse, bordada com pérolas e fio metálico.
As irmãs Callot - Marie, Marthe, Régina e Joséphine – estavam entre as grandes costureiras do início do século XX.
Sua maison abriu em 1895 e, durante o início do século XX, era um dos estabelecimentos mais respeitados em Paris. Embora quase esquecida hoje,  sua mais ilustre protegida, Madeleine Vionnet, as via como incríveis criadoras:  “Sem o exemplo das irmãs Callot, eu teria continuado a fazer Fords. É graças a elas que eu tenho sido capaz de fazer Rolls Royces.”

(Comentário meu, de esclarecimento, necessário nesse ponto:  Chanel foi comparada ao Ford pela imprensa americana, já que fazia vestidos de linhas simples e pretos,  como Ford fazia carros simples e somente na cor preta. Ambos vendiam muito.  Já um Rolls-Royce é carro de luxo, para durar por toda uma vida... dá para ver que elas não se amavam.)


(continua...)

As versões originais, em inglês, estão em:
http://www.flickr.com/photos/chicagohistory/sets/72157605179634610/

http://www3.fitnyc.edu/museum/chicchicago/intro.htm

26 fevereiro 2011

Uma idéia leva a outra...

Falei recentemente do filme Sansão e Dalila, de 1949, que termina com a atriz Hedy Lamarr usando um vestido bordado de penas de pavão.











Como eu disse, esse vestido teve inspiração em outro, usado em 1914 pela atriz Theda Bara quando interpretou Cleópatra (filme considerado perdido, parece que somente se salvaram algumas cenas.)


Também falei do costureiro Charles Worth,  cujos filhos continuaram administrando sua Maison.

Uma de suas clientes, Lady Curzon (Mary Victoria Leiter),  inglesa, casada com o vice-rei da Índia, usou um vestido da Maison em um baile (na Índia) em homenagem à coroação do rei Eduardo VII.  O vestido é conhecido como "Peacock" (Pavão) porque era todo bordado no formato das penas, em ouro com esmeraldas em cada "olho" das penas e diamantes.
Parece que, na realidade, não seriam esmeraldas, mas asas de um escaravelho, verdes iridescentes (cetonia cyrata).

Museu de Kedleston UK

As informações neste ponto são um pouco confusas, porque apesar de se dizer, em vários lugares, que o vestido era da Maison Worth, o museu onde hoje se encontra o vestido diz que ele foi bordado na Índia.

Talvez o vestido tenha sido feito em um lugar e bordado no outro...  não sei.
Pronto, chegou a informação: O tecido foi bordado na Índia e enviado à França para a confecção do vestido.



O fato é que provocou admiração, parece que o vestido todo brilhava e um dos convidados teria escrito sobre ela, na época: "You cannot conceive what a dream she looked." (Você não pode imaginar que sonho ela parecia") e até problemas de Estado, em face do valor gasto não só com o vestido, mas com a festa como um todo.

O vestido está exposto na casa da família Curzon,  Kedleston Hall, em Derby, Inglaterra.

A nota triste é que ela morreu jovem, apenas 3 anos depois desse baile...


Muito bem, enquanto pesquisava sobre estes 3 vestidos, de repente, do nada, em todo site que passava, comecei a encontrar roupas com penas de pavão, reais ou pintadas e cheguei à conclusão que é uma mania mundial (fora os acessórios...):

Alexander McQueen 2008


              2008 Victor Dzenk - Giovanna Antonelli             Vestido da griffe Jovani
La PerlaOlympia Creations

Tory BurchNet-a-Porter Prada

                                Lotta Stensson                              Cantão - 2009
Nicky Hilton - Matthew Williamson para H&M
Leilão de vestido de casamento na China

Tony Bowls     Atriz Eva Longoria em Cannes (o vestido é de Zang Toi)    

                       Robe Victoire                               Shopbop

        
Giambattista Valli 2009
Giambattista Valli 2009
O único porém é que, apesar de bonita, é uma estampa muito chamativa.  É preciso cuidado. Muito cuidado, senão fica apelativo.

24 fevereiro 2011

Modelagem Industrial Brasileira

Modelagem Industrial Brasileira
Sonia Duarte / Sylvia Saggese (1998)
Letras&Expressões (232 pág.)

Há muitos anos atrás, quando eu estava na faculdade, dizia-se que somente a cidade de Buenos Aires tinha mais livrarias que o Brasil inteiro.
Não sei se isso era verdade, mas é fato que as edições aqui são poucas, em quantidade limitada e, conseqüentemente, com preço elevado e, sabe-se lá porquê, os livros acabam saindo de catálogo, mesmo tendo público que os procura.

Também acho incrível que seja mais barato importar livros do que comprar os editados aqui.

Bem, este preâmbulo todo é para deixar claro que qualquer obra que vença toda esta barreira merece aplausos e muitos.

É o caso deste livro.  Obra detalhada, cuidada,  que, no momento de seu lançamento, era a única no gênero.  Os livros antigos (Gil Brandão e outros) já estavam na categoria dos esgotados e não havia nada,  nadinha sobre modelagem.

As autoras são professoras universitárias e possuem grande experiência sobre o assunto.  O livro é ultra técnico, todo ilustrado, cobrindo uma grande diversidade de modelos de mangas, transferência de pences, saias, calças e roupa íntima e moda praia.
Só que falta texto.  A parte inicial, dos moldes básicos é realmente muito complicada e deveria ter sido mais detalhada, passo-a-passo.
Imagino que o livro tenha sido concebido como base para aulas e, assim, com a ajuda de professores, deve ser muito útil.  Mas não se destina aos autodidatas.
Já tive oportunidade de encontrar obras mais acessíveis, só que somente em inglês, o que dificulta um pouco o seu uso por estudantes brasileiros.

Há uns 7 anos atrás fiz contato com a Sônia Duarte, buscando aulas particulares.  Ela foi um pouco reticente no início, mas chegou a marcar um horário comigo.  No entanto, em decorrência de problemas particulares, acabou desmarcando.  Ficamos assim.

Hoje, ela mantém um blog sobre o assunto,  que merece visita: http://modelagemmib.blogspot.com/

Se recomendo?  Claro!  Apesar da ressalva, o livro é obra obrigatória nas estantes de quem estuda costura.

23 fevereiro 2011

O poder de uma bela echarpe.

Acho que investir em acessórios é sempre mais barato do que em roupas novas. Eles duram mais (afinal, não são lavados após cada uso)  e têm realmente o poder de modificar o resultado final de uma roupa. 

Usei o site do Looklet como ferramenta e escolhi uma roupa bem básica e clássica:
Uma saia reta cinza, um colete sem mangas preto, escarpins e bolsa pretos também.

No caso, vou variar somente a forma de colocar uma echarpe, também em tons de cinza:
O site não oferece muitas opções de amarração, mas somente com quatro diferentes, veja como a aparência muda:
Pendurada, com apenas um meio nóEnrolada no pescoço


Como faixa no cabeloComo cinto


Isso porque ainda poderia amarrar no pescoço com as pontas para frente,
passar uma volta e deixar uma ponta para trás,
prender o cabelo com um rabo de cavalo,
amarrar na alça da bolsa,
amarrar logo abaixo do busto,
prender na cintura com as pontas para o lado
ou, ainda, sem deixar as pontas caindo, como um obi...
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